sábado, 12 de julho de 2008

caminhar a beira mar


hoje decidi arrancar esta capa que me tem coberto o rosto, a mente, a vida... sei que não será fácil deixar para trás todo um passado e começar do zero, mas as vezes é necessário.

fui ate a praia... o tempo estava estranho mas não me importei, não ia com o intuito de apanhar banhos de sol mas sim de estar sozinha e reflectir... necessitava de colocar um ponto final na vida de loucura que tenho levado ultimamente, precisava de afastar os fantasmas que me perseguem e maltratam...

olhei o mar vezes sem conta, caminhei de um lado para o outro durante duas longas horas, pensei, sofri, sentei-me, levantei-me... decidi erguer-me não só ali mas também na minha vida, decidi não voltar a cair nas garras da fraqueza que me tem caracterizado... procurei o porque das minhas atitudes, procurei saber o que me magoava sem eu saber como se se tratasse de uma pequena pedra no sapato que não conseguimos detectar...

senti-me tão bem naquela praia... e como se o mar me renovasse a alma...

por momentos esqueci tudo... esqueci a ressaca que me acompanha, esqueci os motivos que me levaram a agir impensadamente, esqueci-me o porque de estar ali... olhei apenas o mar...

as minhas mãos estavam enterradas na areia, como se através delas eu enterrasse também as mas memorias e recordações, os maus momentos, as dores, os ódios... como se através delas eu enterrasse também o passado, me enterrasse a mim, a pessoa que fui em tempos, te enterrasse a ti, a nos!!! em simultâneo as minhas mãos tentavam simbolicamente descobrir um novo "eu", uma nova maneira de estar, de viver... e como se esta pele saísse e ficasse outra totalmente igual mas totalmente diferente...

e ali estava eu... sozinha no meio de uma imensa multidão, perdida na praia que tão bem conheço, longe de tudo. longe do mundo, longe de mim mesma...

ficou gravada esta tarde na minha memória, gravada como um começo e um fim, como uma morte e um nascimento simultâneo...

ficou o desejo de repetir, sentir o quão doce a solidão as vezes consegue ser quando não a encaramos como uma coisa ma mas sim como algo necessário de vez em quando para meter as ideias em ordem...

não me cansei de caminhar, não me cansei de sentir a areia nos meus pés, a agua a molhar-me as calças... não me cansei de respirar aquele ar salgado, não me cansei de olhar o azul do mar... nem o vento cortante me cansou e fez parar...

por vezes, quando sentimos necessidade de nos encontrarmos connosco mesmos, caminhar a beira mar pode ser uma terapia...

senti-me distante de mim mas perto do mar, senti a minha alma nua, a perder uma capa que fazia de mim aquilo que tenho sido... simultaneamente senti-me leve, tal anjo que paira nos céus ao cair da noite... foi um simples passeio a beira mar, um mero ponto de viragem, um mero momento... um momento para pensar...

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